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Miqcb apresenta as ações do Fundo Babaçu no X Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa), em Belém-PA


O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu- MIQCB uniu forças com cerca de 10 mil representações dos povos da Amazônia e movimentos sociais de diversos países amazônicos em defesa das populações locais, da floresta e de todas as formas de vida na região, durante a realização do X Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa). O evento foi realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, entre os dias os dias 28 a 31 de julho.


A abertura do evento foi marcada com uma grande marcha que percorreu as ruas do centro de Belém rumo à Praça Waldemar Henrique, onde ocorreu o ato de abertura. Durante o percurso vozes de várias origens, idiomas e sotaques entoaram canções e discursaram celebrando as Amazônias e seus saberes.



A programação incluiu várias atividades na Casa de Saberes e Sentires, Grandes Eventos, Atividades Autogestinadas e Atividades Paralelas, feira de produtos agroecológicos, artesanato, palco de apresentações culturais. Ao longo desses dias, movimentos sociais, articulações e representações de povos de nove países promoveram debates abordando, nesta edição, a defesa dos povos da Amazônia, da floresta e da democracia.


O Seminário Fundos Socioambientais pela Autonomia dos Povos da Amazônia foi destaque na programação do X Fospa. O Seminário foi realizado na sexta-feira, 29, e sábado, 30, na Casa Território e Autogoverno, onde reuniu representações do Fundo Dema, Fundo Babaçu, Fundo Podaáli, Fundo Puxirum, Fundo Rio Negro, Fundo Mizizi Dudu, Fundo de Mulheres Indígenas (AYNI), entre outros.



O objetivo do Seminário foi para conhecer a atuação política dos Fundos comunitários na Amazônia, bem como o desenvolvimento de ações estratégicas no apoio ao protagonismo de povos indígenas, comunidades quilombolas e populações tradicionais voltado à garantia de direitos e à defesa dos bens comuns.


A coordenadora de projetos do Miqcb Sandra Regina Monteiro e as Coordenadoras do MIQCB, Maria Alaídes Alves, Emília Rodrigues e Cledeneuza Maria Oliveira, apresentaram os avanços e os objetivos do Fundo Babaçu executado pelas quebradeiras de coco babaçu dos estados do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins.



Os objetivos do Fundo Babaçu são: promover e operacionalizar o acesso a recursos de caráter não reembolsável para ações de agricultura e extrativismo de base agroecológica e econômico-solidária; apoiar ações voltadas à segurança alimentar e nutricional e geração de renda, para a melhoria da qualidade de vida de povos e comunidades tradicionais e outras comunidades que vivem em regime de produção familiar nos babaçuais; incentivar a conservação da sociobiodiversidade existente nas florestas de babaçu, por meio da ampliação do acesso a fontes de recursos e de políticas públicas e, por fim, apoiar e promover a mobilização comunitária e o fortalecimento organizacional e institucional das organizações de base.


“Desde sua criação em 2013, o Fundo Babaçu lançou cinco editais com recursos na ordem de R$ 539 mil e já beneficiou 45 organizações, nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Pará. O Fundo é gerido de forma participativa com Comitê Gestor do Fundo Babaçu, que envolve diversas organizações parceiras do movimento nos estados onde o MIQCB atua. Um dos fundos que inspirou Movimento foi o DEMA e CESE- Coordenadoria Ecumênica de Serviço”, pontuou, Sandra Regina.



A coordenadora do Miqcb, Maria Alaídes destacou que as mulheres quebradeiras de coco babaçu são mais de 300 mil mulheres que coexistem com a floresta, desenvolvendo há gerações relações profundas com a palmeira mãe e com a natureza que caracterizam seu modo de vida e atividade econômica.


“O Movimento trabalha no intuito de incentivar a autonomia das mulheres, as trocas econômicas justas, a valorização do modo de vida tradicional, a segurança alimentar e nutricional e as práticas agroecológicas. Nesse sentido, o Fundo Babaçu é mais uma conquista das mulheres do MIQCB porque foi criado e é administrado por mulheres quebradeiras de coco babaçu”, destacou, Maria Alaídes.



Além do Seminário, o Miqcb participou de várias atividades durante o X FOSPA, a exemplo do Tribunal Ético em Defesa dos Corpos e Territórios das Mulheres Amazônicas e Andina. Os casos foram repletos de muita dor e sofrimento, relatos carregados de emoção que apresentaram a vivência de mulheres vítimas de violência e exploração em seus territórios. A coordenadora do MIQCB da Regional Pará, Cledeneuza Maria Bezerra denunciou os crimes ambientais como: derrubadas e envenenamento de palmeiras, queimadas e mortes de lideranças.



“Desde nossos antepassados buscamos nosso sustento e nosso meio de vida na natureza. Hoje, nossa sobrevivência está ameaçada. Primeiro, os babaçuais foram destruídos com motosserra, tratores, machados e hoje, os fazendeiros estão usando veneno para matar as palmeiras. Esse veneno não acaba só com as palmeiras, mas devasta e mata nossas famílias, os peixes, os animais, contamina os igarapés, as árvores, por isso nosso modo de vida está ameaçado”, denunciou Cledeneuza Maria.



Fotos: Oliver Kornblihtt, Élida Galvão e Sandra Regina.


Quer saber mais informações sobre o X FOSPA, acesse:

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