Nesta quinta-feira (27/06) e sexta-feira (28/06), o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu-MIQCB realizou oficina sobre mapeamento de impactos aos babaçuais e instrumentos de enfrentamentos a crimes ambientais, na Regional Baixada Maranhense. Participaram das atividades as coordenações do MIQCB e lideranças das Regionais Mearim/Cocais, Piauí e Baixada Maranhense.
A oficina tem como objetivo mapear e identificar os impactos negativos ao meio ambiente e ao modo de vida de povos e comunidades tradicionais provocados por grandes empreendimentos, empresas e agronegócio. Além disso, a oficina busca pensar instrumentos ambientais que possam contribuir para diminuir ou lidar com esses impactos.
As atividades do primeiro dia foram realizadas no Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras do município de Matinha, onde os participantes, por meio de roda de conversas e trabalhos em grupo, relataram as dificuldades e os crimes ambientais que ocorrem nos seus territórios. No primeiro dia a oficina foi ministrada pela assessora do Miqcb, Sandra Regina Monteiro e coordenadora do Centro de Formação do MIQCB, Ana Maria Ferreira.
“A oficina foi muito importante porque foi possível compartilhar as dificuldades enfrentadas pelas quebradeiras nos seus territórios, dificuldades na coleta do coco, identificação de vários crimes ambientais e violações de direitos. Nesse contexto, nós buscamos e pensamos alternativas de enfrentamentos desses crimes, como por exemplo: leis babaçu livre, implantação de agroquintais, apoio a produção e comercialização, capacitações no uso de instrumentos que auxiliam a na identificação de crimes ambientais. Tudo isso, são ações encabeçadas pelo MIQCB para amenizar a privatização de direitos das quebradeiras de coco babaçu, dos povos e comunidades tradicionais”, declarou Sandra Regina.
Na sexta-feira, 28, as lideranças visitaram o território tradicional Sesmaria do Jardim, no quilombo São Caetano. A programação incluiu visita na unidade produtiva de beneficiamento do coco babaçu, onde são produzidos farinha de mesocarpo, biscoitos e azeite do coco babaçu.
Em seguida, a liderança, Edinaldo Padilha, conhecido como Cabeça, do território quilombola Camaputiua, município de Cajari, orientou as quebradeiras a utilizar o GPS como ferramenta de defesa dos territórios e como mapear áreas de impactos ambientais.
“O uso do aparelho de GPS e dos aplicativos de GPS nos celulares é muito importante para o fortalecimento das denúncias, para o fortalecimento da preservação do meio ambiente, inclusive das áreas de babaçuais, áreas de pesca, dos campos naturais e denuncias de cercas eletrificadas que privatiza o coco babaçu e as quebradeiras não tem acesso. Tudo isso são crimes ambientais que precisam ser mapeados e denunciados”, frisou”.
Maria Alana, da Regional Piauí, compartilhou a devastação dos territórios provocadas pelos gaúchos para a expansão do agronegócio.
“Nesses dois dias de oficina foi muito importante porque aprendemos a utilizar ferramentas, no caso o GPS, para ajudar nas denúncias das violações que ocorrem no nosso território. Entendemos que para fazermos denúncias precisamos de provas e aqui aprendemos a mapear os crimes por meio de coordenadas, utilização de imagens e vídeos. Então, essas ferramentas são mais um instrumento que soma com a nossa luta”, enfatizou.
A quebradeira de coco babaçu e liderança, Maria da Gloria Belfort relatou sobre as dificuldades enfrentadas no território Sesmaria do Jardim como as derrubadas e privatização dos babaçuais por cercas elétricas, a degradação dos campos naturais e outros crimes.
“Pra mim é muito gratificante receber as companheiras nesse intercâmbio porque é uma forma da gente conversar sobre as situações que vivemos no nosso território, que não é diferente da situação que as companheiras vivem nos seus territórios. É muito bom quando a gente se encontra e se une para fortalecer nossas forças e buscar juntas, o livre acesso a todo o território, para que possamos ter o tão sonhado bem viver”
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