Com gritos de ordem em defesa do meio ambiente, do acesso livre aos babaçuais, do território livre e aos direitos das mulheres, centenas de trabalhadoras rurais e quebradeiras de coco babaçu realizaram, nesta terça-feira (17), em Timbiras, a Marcha das Mulheres do Campo. Com o tema: Mulheres em luta contra o racismo ambiental, o ato foi realizado pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB, Comissão Pastoral da Terra, a articulação do Semiárido - ASA, a Associação Comunitário dos Trabalhadores no Beneficiamento do Babaçu de Cocó, e outras organizações.
A comitiva percorreu as principais ruas de Timbiras em direção a Prefeitura e a Câmara Municipal para reivindicar a aprovação do Projeto de Lei do Babaçu Livre, que dispõe sobre a proibição da derrubada de palmeiras de babaçu, o livre acesso às comunidades agroextrativistas aos babaçuais, proibição do uso de agrotóxicos por pulverização e outros benefícios para o meio ambiente e para as comunidades tradicionais.
Maria de Fátima, coordenadora executiva do MIQCB e quebradeira de coco babaçu contou que o objetivo da manifestação é para que a Câmara de Vereadores aprove o projeto de lei Babaçu Livre, pois tem regiões de Timbiras que as quebradeiras de coco babaçu sofrem com a falta de acesso aos babaçuais.
“A gente só quer o livre acesso aos nossos babaçuais, nós queremos nossas palmeiras vivas, nós queremos a floresta em pé, porque se matar as palmeiras estará matando cada uma de nós. É da nossa mãe palmeira que tiramos nosso sustento”, declarou dona Maria de Fátima.
A assessora jurídica do Miqcb, Renata Cordeiro participou do ato e frisou que para as mulheres quebradeiras de coco babaçu a lei é um instrumento de luta e não um instrumento de opressão.
“As mulheres estão hoje, aqui, na frente da Câmara Municipal para reivindicar que essa casa do povo seja a casa das mulheres do campo, das águas e das florestas. E que essa casa do povo ouça a voz de milhares de mulheres que sofrem todos os dias atos de violência, humilhação, constrangimentos e a doença, porque se quer conseguem acessar aquilo que dá o sustento cotidiano a cada uma delas, que é o babaçual, que é o coco babaçu”, enfatizou Renata.
Só em Timbiras, se a lei for aprovada, vai beneficiar centenas de mulheres. A proposta também prevê a proibição do uso de veneno que são usados nas fazendas para impedir o crescimento dos babaçuais. A ação faz parte do projeto Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu Preservando as Florestas (Babaçu Livre) que está levando o mesmo projeto de lei para cidades dos estados do Pará, Tocantins, Piauí e Maranhão. O projeto tem o apoio do Instituto Clima e Sociedade -ICS.
Antônia Calixto, da Comissão Pastoral da Terra (CPT) disse que o crime ambiental é gritante nas comunidades e que as autoridades não tomam nenhuma providência. “Então as mulheres estão aqui numa luta contra o racismo ambiental. Estamos saindo das roças para tomar conta da cidade e dizer: olha, nós estamos aqui, nós existimos”, finalizou.
Após a manifestação as representantes do Miqcb participaram do Seminário Mulheres em Luta Contra o Racismo Ambiental, realizado no Centro Paroquial de Timbiras.
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