Palmeirais cercados com arames eletrificados, grilagem de terra, devastação dos babaçuais, violência e morte de lideranças, criação de búfalos que invade e degrada o solo, as produções e contaminam os rios afetando a pesca, enfrentamento e resistências das mulheres na defesa dos territórios e de seus modos de vida foram temas bastante discutidos nesta quinta-feira (15) e sexta-feira (16), no IX Encontrinho das quebradeiras de coco babaçu, realizado na comunidade quilombola Camaputiua, em Cajari-MA.
Mais de cem mulheres dos municípios de Cajari, Viana, Matinha, Monção, Penalva e Pedro do Rosário participaram do evento onde discutiram temáticas que afetam os modos de vida das comunidades e, juntas, buscaram alternativas para que seus direitos sejam respeitados como: livre acessos aos babaçuais, inclusão da juventude nos grupos produtivos, titulação dos territórios, racismo ambiental e justiça climática, cooperativismo e mercados institucionais, Lei Babaçu Livre, produção agroecológica.
Este ano, o tema do Encontrinho foi quebradeira de coco rompendo barreiras. Já realizaram o evento as regionais do Movimento Interestadual das quebradeiras de coco Babaçu (MIQCB) do Pará, Tocantins, Imperatriz-MA e Baixada Maranhense. Nos dias 18 e 19 será a vez da Regional Mearim/Cocais e nos dias 19 e 20 de dezembro a Regional Piauí encerrará a rodada dos Encontrinhos.
“É com muita alegria que estamos reunidas com nossas companheiras quebradeiras de coco babaçu de vários municípios do nosso território para dialogar sobre as violações contra o meio ambiente. Aqui tratamos de problemáticas comuns enfrentadas pelas mulheres nos municípios e no território e, unidas buscamos uma forma de amenizar esse sofrimento. Mesmo com todas as dificuldades, nós quebradeiras de coco sentimos orgulho da nossa profissão porque ser quebradeira de coco é ser resistência”, declarou Maria Antônia, coordenadora executiva do Miqcb Regional Baixada.
Um dos destaques do Encontrinho foi a eleição das coordenadoras Regionais para os próximos quatro anos. A quebradeira de coco Maria Natividade foi eleita para integrar a equipe composta pelas companheiras reeleitas, Maria Raimunda, Girlane Belfort, Vitória Balbina (assumirá a coordenação executiva).
A coordenadora executiva do Miqcb da Regional Pará, Cledeneuza Maria participou dos quatro Encontrinhos para divulgar a importância do cooperativismo para as quebradeiras de coco.
“Venho conversando com as companheiras sobre os benefícios de ser cooperada, de ter produtos de qualidade. A valorização dos nossos produtos só veio depois que a cooperativa foi divulgada. Então, todas as quebradeiras de coco que pertencem a cooperativa a gente reforça que é importante dar continuidade nos trabalhos e mostrar para nosso público a qualidade dos produtos do babaçu”, destacou Cledeneuza.
Mulheres indígenas que são quebradeiras de coco também participaram do evento e compartilharam a alegria de conseguir o sustento com a quebra e beneficiamento do coco babaçu.
“Em Viana, na comunidade Taquaritiua, nós trabalhamos numa fábrica de beneficiamento do babaçu onde produzimos azeite e farinha de mesocarpo. Eu e minhas companheiras nos consideramos empresárias porque somos nós mesmas que produzimos e vendemos nossos produtos. Então, ser quebradeira de coco é um orgulho”, frisou Demetriz Mendonça, indígena do povo gamela, do município de Viana.
Participaram das atividades as coordenadoras do MIQCB da Regional Baixada Maria Antônia (coordenadora executiva), as coordenadoras de base da Regional, Maria Raimunda, Girlane Belfort, Vitória Balbina, a presidente da Cooperativa das quebradeiras de coco, Maria do Rosário, a coordenadora geral do MIQCB, Maria Alaídes, assim como como, Claedeneuza Maria (Pará), Ednalva Ribeiro (Tocantins), as assessoras Renata Cordeiro (jurídico), Sandra Regina (projetos), Nataliene Borges (assessora regional) e a vice presidente do Consea-MA, Concita da Pindoba.
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