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Dia Mundial do Meio Ambiente: “Filhas da Mãe Palmeira e guardiães da floresta”


Nós mulheres quebradeiras de coco babaçu somos mulheres fortes, guerreiras, de fibra, que lutamos incansavelmente pela defesa e respeito do meio ambiente, dos nossos territórios, dos rios e das florestas. Nosso modo de vida e nossa cultura está ligada intimamente à palmeira do babaçu. Nós nos intitulamos “Filhas da Mãe Palmeira e guardiães da floresta” porque visamos a preservação da palmeira, a qual tiramos o coco, que vira azeite, óleo, farinha, leite e sabão. Da palha e da casca, se faz artesanato e carvão para preparar os alimentos.


Somos mais de 300 mil mulheres espalhadas pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará, em regiões de transição entre Amazônia, Cerrado e Caatinga. Somos organizadas pelo Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) e movimentamos a economia de mais de 270 municípios brasileiros. O MIQCB trabalha no intuito de incentivar a autonomia das mulheres, as trocas econômicas justas, a valorização do modo de vida tradicional, a segurança alimentar e nutricional e as práticas agroecológicas.


No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado anualmente em 05 de junho, destacamos que os babaçuais são uma das florestas que mais retira gás carbônico da atmosfera, sendo sua preservação fundamental para a manutenção da vida. Infelizmente, nos últimos anos vimos desaparecer mais de 7 milhões de hectares de Babaçuais da Amazônia e do Cerrado. Além disso, a liberação desenfreada de 1.629 agrotóxicos pelo Governo Federal tem afetado a saúde e a segurança alimentar das comunidades.


O avanço do agronegócio também vem gerando muitos impactos negativos, exclusão dos territórios, poluição das águas, dos peixes. Nosso livre acesso aos babaçuais foi barrado por cercas eletrificadas dos pequenos grileiros, pelas patrulhas armadas dos grandes empreendimentos econômicos. Diante disso tudo, nossa luta pela proteção aos babaçuais é desigual diante da violência da ação predatória e do poder político e econômico da pecuária, dos madeireiros, da mineração, da sojicultura, da biopirataria e dos especuladores da terra.


Contudo, a incansável luta das mulheres quebradeiras de coco babaçu tem alcançado muitas conquistas. No estado do Piauí, as famílias e mulheres quebradeiras de coco babaçu da comunidade Vila Esperança, na região de Esperantina, Campo Largo do Piauí e São João do Arraial conquistaram, após 30 anos de luta, a Titulação Definitivo de Propriedade Coletiva do Território Tradicional. São 1.219,485 hectares de terra garantidos para as famílias.


No Maranhão, o Governo do Estado, por meio do decreto nº 37.557, determina a desapropriação por interesse social do Território Quilombola Sesmaria do Jardim, localizado no município de Matinha e Olinda Nova, na Baixada Maranhense. No território encontram-se os quilombos de Bom Jesus, São Caetano e a comunidade de Patos.


Nesse sentido, continuaremos lutando por um meio ambiente para todos, que tenha vida, harmonia e equilíbrio entre produção e preservação ambiental. Queremos o livre acesso aos babaçuais e o direito de viver em territórios livres. Que o Dia Mundial do Meio Ambiente não seja apenas um dia para plantar árvore, mas que seja um dia de conscientização coletiva para proteger e restaurar nosso planeta.


Maria Alaídes Sousa, coordenadora geral do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (Miqcb)

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